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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

CONSULTÓRIO DE RUA EM BELO HORIZONTE

Flavio Tavares
usuario
Consultório móvel permitiu que P., de 24 anos, recebesse a atenção de uma enfermeira


Se o usuário de drogas não vai atrás de atendimento, o socorro vai até ele. Em Belo Horizonte, centenas de crianças, jovens e adultos recebem diariamente a visita de uma equipe multidisciplinar que busca sensibilizá-los e encaminhá-los para tratamento. O Consultório de Rua, como é chamado, age nos pontos de concentração de dependentes químicos, como a Avenida dos Andradas, na Região Leste da cidade, e o Aglomerado Pedreira Prado Lopes, na Noroeste.

O programa do Governo federal é executado pela prefeitura. Duas equipes formadas por psicólogos, enfermeiros, assistentes e educadores sociais percorrem as duas regiões de segunda a sexta-feira, das 15 às 21 horas, abordando pessoas em situação de risco. “A prioridade é para crianças e adolescentes, mas também atendemos adultos que estão por perto e pedem ajuda”, diz a psicóloga Luana Santos.

Os jovens não são obrigados a deixar o vício. “Apresentamos as opções e mostramos que a escolha é deles. Primeiro, conversamos. Depois, levantamos questões que vão nos mostrar o motivo de eles estarem nas ruas e usando drogas. Se quiserem largar a dependência, fazemos o encaminhamento para unidades específicas, como o Centro de Referência em Saúde Mental Infantil (Cersami), no caso de menores de 18 anos”, ressalta a assistente social Mirian Pacheco, técnica e referência em saúde mental do Consultório de Rua.

A van que transporta a equipe também serve de consultório. Ontem, P., de 24 anos, foi atendida por uma enfermeira após se queixar de dores abdominais.

Essa não foi a primeira vez que a jovem passou mal. Em outra ocasião, ela foi levada até a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Centro-Sul e, depois, atendida em um centro de saúde. P. fez exames e espera o diagnóstico para saber a origem das dores. “Se necessário, fazemos visitas aos parentes acompanhados de servidores de outros departamentos da rede de saúde”, diz Mirian.

A forma como a abordagem é feita atrai o público-alvo. “O que mais gosto é de trocar ideia com eles”, diz L., de 12 anos. O garoto mora no Bairro Alto Vera Cruz, na Região Leste, com a mãe. Durante o dia, perambula pelas ruas em busca de tíner. “Uma vez, eles (os funcionários da PBH) nos levaram ao cinema do shopping. Eu dormi no meio do filme”, lembra.

E., de 17 anos, cobra da equipe do Consultório de Rua mais uma programação do tipo. Mas diz gostar mesmo é da disponibilidade dos profissionais para ouvi-los. Na última terça-feira, a psicóloga e uma educadora da equipe visitaram a mãe do rapaz, que está com câncer. “Sigo tudo o que me falam. Disseram que não podia transar sem camisinha, pois há risco de gravidez ou de pegar alguma doença”.

A equipe do Consultório de Rua também dá “puxões de orelha” quando necessário. Foi o que aconteceu com a jovem A., de 25 anos, moradora de rua desde os 7 e viciada em tíner.

No último mês, A. foi atropelada pela nona vez. Ontem, minutos depois de receber alta médica e uma ambulância deixá-la na casa de uma ex-moradora de rua no Bairro Santa Tereza, na Região Leste, a jovem voltou à Avenida dos Andradas à procura do produto químico. “Mas não tenho dinheiro para comprar”. Uma lata de tíner, segundo ela, custa R$ 8.

Desde abril, 850 pessoas foram abordadas pelo programa. Dessas, 40 foram encaminhadas para unidades de saúde e de assistência social. “Fiquei muito feliz de ver, na segunda-feira, um desses jovens trabalhando. Ele seguiu uma recomendação de onde conseguir emprego e foi atrás. Quase não o reconheci. Está sem barba, todo arrumado. É gratificante”, diz a assistente social Ana Paula Leão.

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